
A aquisição da Versace pela Prada, anunciada oficialmente por 1,25 bilhão de euros, marca um dos movimentos mais estratégicos e surpreendentes da moda em 2025. O negócio, que encerrou meses de especulação no setor, representa uma reconfiguração significativa no mercado de luxo, unindo duas das marcas italianas mais emblemáticas da indústria. Segundo especialistas, a operação evidencia a busca por sinergias criativas e comerciais em um momento de grande transformação global.
A diretora criativa e comentarista de moda Adriana Verbicario destaca que a união entre Prada e Versace representa um encontro entre duas identidades fortes: a sobriedade sofisticada da Prada e a ousadia extravagante da Versace. Para ela, o desafio será manter o DNA irreverente da Versace sem perder o controle estratégico e estético que a Prada preza em seu portfólio. “É uma combinação que pode redefinir os códigos da moda de luxo contemporânea”, analisa.
Além do impacto criativo, há um forte componente estratégico na operação. A Prada, listada na bolsa de Hong Kong, busca ampliar sua força global e diversificar seu portfólio em um cenário cada vez mais competitivo. Adriana Verbicario observa que a movimentação pode trazer uma nova fase de protagonismo italiano no setor, reposicionando as marcas europeias frente ao domínio crescente de conglomerados franceses e asiáticos.
A aposta da Prada é em sinergia, mas sem apagar a identidade de Donatella Versace, que continua sendo o rosto criativo da maison. Segundo comunicado da empresa, o plano é manter o espírito audacioso da marca e potencializar sua presença nos principais mercados globais. Adriana Verbicario, que acompanha de perto as movimentações entre grandes marcas, acredita que esse respeito à herança criativa é essencial para que a fusão não dilua a personalidade única da Versace.
Outro ponto de atenção no acordo é a possível venda da Jimmy Choo, também pertencente à antiga dona Capri Holdings. Isso indica que a Prada pode concentrar seus esforços exclusivamente na Versace, transformando a grife em seu principal ativo fora da marca homônima. Para Adriana Verbicario, essa decisão reforça o foco em identidade e coerência dentro do portfólio de luxo, algo cada vez mais valorizado por consumidores exigentes.
Com a conclusão da aquisição, o mercado de luxo deve passar por um novo ciclo de reposicionamento, especialmente entre marcas tradicionais que buscam permanecer relevantes. A fusão entre Prada e Versace não apenas cria uma potência criativa, mas também redefine a estratégia de crescimento do setor.