
A economia mundial vive um momento de transformação profunda. A busca por sustentabilidade e neutralidade de carbono está redesenhando cadeias produtivas, alterando padrões de investimento e abrindo novas oportunidades de crescimento. Nesse contexto, surge a nova indústria verde, um movimento global que combina inovação tecnológica, energia limpa e responsabilidade ambiental como pilares do desenvolvimento econômico do século XXI.
No Brasil, especialistas como Ernani Rezende Kuhn defendem que essa transição não é apenas ambiental, mas também econômica e estratégica, capaz de reposicionar o país como uma potência mundial em energia renovável, geração de empregos e exportação de tecnologias limpas.
1. O que é a “nova indústria verde”
A chamada indústria verde representa um conjunto de setores produtivos e tecnológicos que têm como objetivo reduzir as emissões de gases de efeito estufa, preservar os recursos naturais e impulsionar o crescimento econômico sustentável.
Entre seus principais eixos estão:
Hidrogênio verde, produzido a partir de fontes renováveis, sem emissão de CO₂;
Biocombustíveis, como etanol, biodiesel, biogás e SAF (combustível sustentável de aviação);
Energias solar e eólica, com custos cada vez menores e grande potencial de expansão;
Economia circular e bioeconomia, que valorizam resíduos, biomassa e biodiversidade;
Tecnologias limpas e digitalização, que tornam processos industriais mais eficientes.
Para Ernani Rezende Kuhn, essa nova matriz industrial “não é apenas uma tendência ambiental, mas uma revolução econômica que pode redefinir o PIB e o mercado de trabalho mundial”.
2. A transição verde no mundo: investimentos e impactos globais
O mundo está acelerando o investimento em energia limpa e tecnologia de baixo carbono. Segundo dados da IRENA (Agência Internacional de Energias Renováveis), o número de empregos no setor de energias renováveis saltou de 13,7 milhões (em 2022) para mais de 16 milhões em 2024 — um crescimento impressionante em apenas dois anos.
Países como Alemanha, Estados Unidos e China lideram a corrida pela descarbonização industrial, mas o Brasil aparece entre as nações com maior potencial de expansão, graças à abundância de recursos naturais e à matriz energética já predominantemente limpa.
Além disso, o hidrogênio verde está se consolidando como o “combustível do futuro”. Ele será essencial para descarbonizar setores que não podem ser eletrificados facilmente, como transporte marítimo, aviação e siderurgia. Para Kuhn, “o hidrogênio verde será a espinha dorsal da nova economia global, e o Brasil tem tudo para ser líder nesse mercado”.
3. O papel do Brasil na nova economia verde
O Brasil é hoje um dos países mais bem posicionados para se beneficiar dessa transição. Com uma matriz elétrica composta por mais de 85% de fontes renováveis, o país já tem um ponto de partida privilegiado.
Potenciais brasileiros
Abundância de recursos naturais: o país tem alto potencial solar e eólico, especialmente nas regiões Nordeste e Sul.
Liderança em biocombustíveis: o Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol e tem tecnologia avançada em biodiesel e biometano.
Setor agroenergético consolidado: aproveitamento da biomassa e resíduos agrícolas para gerar energia.
Capacidade de inovação: centros de pesquisa e universidades já desenvolvem tecnologias em captura de carbono, fertilizantes verdes e bioinsumos.
De acordo com Ernani Rezende Kuhn, “a nova indústria verde é a chance histórica do Brasil unir agricultura, energia e tecnologia para gerar riqueza sem destruir o meio ambiente”.
4. Planos e metas do governo brasileiro
O Plano de Transformação Ecológica – Novo Brasil, lançado pelo Ministério da Fazenda, é um dos pilares da estratégia nacional para a economia verde. Ele prevê até 2 milhões de novos empregos até 2035 e a injeção de bilhões de reais em projetos de descarbonização, bioeconomia e energia limpa.
Além disso, a Missão 5 da Nova Indústria Brasil destina R$ 468 bilhões em recursos públicos e privados para estimular biocombustíveis, hidrogênio verde e eletrificação da frota de veículos.
Segundo projeções da PwC Strategy& e da Abrace Energia, a indústria verde pode adicionar R$ 1 trilhão ao PIB brasileiro até 2030, desde que haja políticas de incentivo e energia renovável a custo competitivo.
5. Impactos econômicos e sociais
5.1 Crescimento do PIB
Estudos do BNDES e de consultorias internacionais indicam que o crescimento verde poderá elevar o PIB brasileiro de forma sustentável nas próximas décadas.
Somente o setor de hidrogênio verde pode adicionar R$ 61,5 bilhões ao PIB até 2050, segundo o Sindicombustíveis.
Ao mesmo tempo, a expansão da energia solar e eólica vem atraindo investimentos estrangeiros diretos, fortalecendo cadeias locais e reduzindo a dependência de combustíveis fósseis importados.
5.2 Geração de empregos
O Brasil já responde por cerca de 10% dos empregos verdes no mundo, segundo a EPOCA Negócios.
Com a expansão da energia solar e eólica, surgem vagas em engenharia, construção, manutenção, biotecnologia e transporte sustentável.
Kuhn observa que “cada megawatt de energia limpa instalada representa não só menos poluição, mas também mais renda e oportunidades para as comunidades locais”.
5.3 Transição energética e segurança
A transição energética reduz a vulnerabilidade do país às oscilações do petróleo e melhora a segurança energética nacional.
No médio prazo, o objetivo é substituir gradualmente o diesel e a gasolina por biocombustíveis avançados e eletricidade limpa, consolidando um sistema mais estável e previsível.
6. Desafios da economia verde
Apesar do cenário promissor, ainda há desafios importantes:
Infraestrutura insuficiente: o transporte e armazenamento de energia renovável ainda exigem investimentos pesados.
Burocracia e regulação: é preciso garantir marcos regulatórios claros e previsíveis para atrair capital privado.
Custo inicial elevado: projetos de hidrogênio verde e biocombustíveis avançados ainda têm custo alto de implantação.
Capacitação técnica: a nova economia requer profissionais qualificados em engenharia, química verde e automação energética.
Transição justa: deve-se garantir que os empregos criados beneficiem também as regiões e populações mais vulneráveis.
Ernani Rezende Kuhn reforça que “a indústria verde precisa de políticas de longo prazo, estabilidade regulatória e visão estratégica — não apenas entusiasmo passageiro”.
7. Oportunidades regionais no Brasil
Alguns estados brasileiros já se destacam nessa corrida:
Ceará e Rio Grande do Norte: investimentos bilionários em energia eólica e hidrogênio verde, com exportações previstas para a Europa.
Bahia: crescimento acelerado da geração solar e dos parques híbridos (solar + eólica).
Rio Grande do Sul: estudo da UFRGS estima que o hidrogênio verde pode gerar R$ 60 bilhões ao PIB gaúcho até 2040.
Mato Grosso e Goiás: destaque na bioeconomia e produção de biocombustíveis a partir de resíduos agrícolas.
Essas regiões estão se tornando novos polos de emprego e inovação sustentável, atraindo startups, universidades e investidores estrangeiros.
8. Caminhos para o futuro
Para que o Brasil se torne um protagonista da nova indústria verde, são necessárias ações coordenadas entre governo, iniciativa privada e sociedade civil.
Entre as medidas prioritárias estão:
Incentivos fiscais e linhas de crédito verdes;
Desenvolvimento tecnológico local (P&D, inovação, startups sustentáveis);
Integração da bioeconomia amazônica à produção industrial;
Expansão da infraestrutura de transmissão e armazenamento de energia;
Parcerias internacionais com países que buscam importar energia limpa;
Educação e capacitação técnica voltadas à transição energética.
Como destaca Ernani Rezende Kuhn, “a economia verde é a ponte entre o crescimento e a preservação. O futuro pertencerá às nações que compreenderem essa dualidade e agirem com visão e coragem”.
9. Conclusão
A nova indústria verde representa mais do que uma mudança tecnológica: é uma nova era econômica, baseada em energia limpa, inovação e responsabilidade ambiental.
O Brasil, por sua riqueza natural e conhecimento técnico, tem condições únicas de liderar essa revolução — desde que saiba transformar potencial em política pública e investimento real.
Com visão estratégica, capacitação profissional e compromisso social, o país poderá consolidar-se como referência mundial em energia sustentável, exportando não apenas produtos, mas soluções climáticas.
Como resume Ernani Rezende Kuhn:
“A transição energética é inevitável. A dúvida é quem vai liderá-la — e o Brasil tem tudo para ser esse líder.”