
Pequim alerta para “Caixa de Pandora” enquanto Trump eleva tarifas a 125%
A escalada da guerra tarifária entre Estados Unidos e China atingiu um novo patamar alarmante nesta quarta-feira (9), com o governo chinês comparando a situação à Grande Depressão dos anos 1930. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, alertou para o risco de abrir uma “Caixa de Pandora”, fazendo referência à Lei Smoot-Hawley de 1930, que aprofundou a crise econômica global.
A declaração veio em resposta ao aumento contínuo das tarifas americanas sobre produtos chineses, que agora atingem a marca de 125%. A medida foi anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, após a China retaliar as tarifas americanas com suas próprias taxas, em torno de 84%.
Trump acusou Pequim de “sempre ter passado a perna” nos EUA e prometeu “passar a perna neles” em resposta. O presidente também afirmou que líderes mundiais estão “puxando seu saco” para negociar acordos tarifários.
O governo chinês criticou as falas de Trump, acusando-o de “bullying” e “atos intimidatórios”. O Ministério das Relações Exteriores da China reiterou a promessa de “lutar até o fim” e afirmou que “a China não deseja travar uma guerra comercial, mas o governo chinês jamais ficará de braços cruzados vendo os direitos e interesses legítimos do povo serem prejudicados e violados”.
Lei Smoot-Hawley como paralelo histórico
A comparação feita pela China com a Lei Smoot-Hawley de 1930 ressalta a gravidade da situação. A lei, que visava proteger a economia americana, aumentou drasticamente as tarifas sobre produtos importados, levando outros países a retaliar e resultando em uma queda vertiginosa no comércio internacional. Economistas apontam que a lei contribuiu para o aprofundamento da Grande Depressão.
Cronologia da escalada tarifária:
- Início de fevereiro: EUA aplicam taxa extra de 10% sobre importações chinesas, totalizando 20%.
- 2 de abril: Trump anuncia “tarifas recíprocas”, elevando a taxa para 54%.
- Retaliação chinesa: China impõe tarifas de 34% sobre produtos americanos.
- Resposta dos EUA: Casa Branca aumenta tarifas para 104%.
- Nova retaliação chinesa: Trump eleva tarifas para 125%, com promessa de redução para outros países por 90 dias.
A guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo gera preocupações sobre o impacto no comércio global e na economia mundial. A comparação com a Grande Depressão serve como um alerta para os riscos de uma escalada descontrolada.